Muito já se falou sobre a nova “obra” do Oscar em Brasília. O fato é que mais uma vez criou-se uma polêmica sobre a tentativa do arquiteto em ocupar o canteiro do Eixo Monumental, descrito por Lucio Costa como “extenso gramado destinado a pedestres, a paradas e a desfiles”, com uma praça, desta vez a “Praça da Soberania”. Há coisa de dois anos nos livramos da construção de uma monumental pomba de concreto para a chamada “Praça do Povo”, mudou-se o nome e a alegoria, desta vez ela vem inspirada nas curvas, pasmem, dos homens! Isso mesmo, o arquiteto tão famoso por sua arquitetura inspiradas nas curvas das mulheres desta vez decidiu implantar um obelisco em homenagem ao cinqüentenário de Brasília.
O IPHAN, o IAB, representantes da UNESCO e um número incontável de arquitetos criticaram a realização do projeto, já que todos concordam que o conjunto estacionamento + obelisco + memorial dos presidentes = praça, será uma barreira na leitura da cidade.
Oscar argumenta que nenhuma cidade é intocável, ele está certo. Todas as cidades sofrem articulações espaciais pela ação da sociedade x tempo. Mas o que falar de Brasília ... cidade criada para ser a capital do país e levar o desenvolvimento para os estados mais afastados do então centro (aumentando a dívida do país); criada na crença do modernismo e da indústria automotiva; cujo plano piloto (protegido como patrimônio da humanidade) resultou no engessamento da área central e conseqüente e descontrolada expansão da periferia (como muitas outras cidades não planejadas!) ... mas ela está aí. Do que adianta acrescentarmos intervenções que só feririam a relação de cheios e vazios proposta por Lucio Costa e atrapalhariam a perspectiva do conjunto formado pelos edifícios projetados por ele mesmo.
Será que em vez de se preocupar em criar uma praça o renomado arquiteto não poderia utilizar o seu prestígio para melhorar a vida dos brasilienses?
Que tal novas soluções de transporte urbano já que os engarrafamentos de trânsito são constantes (afinal as cidades satélites não tem autonomia econômica em relação ao centro urbano). Que tal outras praças? Sim, praças para o uso do povo, para uso diário, que não tenham caráter cívico.
Será que eles já não estão bem servidos de espaços monumentais e "expressivos"?